Esse post não é para ser bem escrito nem para ter uma lógica, ou lição de moral. É apenas um desabafo, uma tentativa de vomitar frases, dúvidas e questionamentos que estão embaralhando minha mente.
Hoje faz 1 ano que o Covid19 chegou no Brasil e esse 1 ano não tem sido nada fácil para ninguém.. Embora eu tenha muito a agradecer nesse tempo a verdade é que também tenho tido minhas dificuldades e nem sempre consigo ser forte e decidida para enfrentar tudo que está acontecendo.
No Brasil já perdemos 250 mil vidas para a pandemia, isso é mais do que a população de Passo Fundo e eu sei que falta gente ser contata nesse número. Como sou grata por nessa estatística não ter ninguém da minha família. Além disso é gigantesco o número de famílias passando dificuldade extrema, sem ter emprego, renda, como por pão na mesa. Já eu não conheço ninguém que esteja passando por uma situação tão extrema. Sorte? Benção? Eu não sei, mas chega ser absurdo que eu me sinta no direito de reclamar de qualquer outra coisa diante desses números desesperadores e eu na minha bolha com tamanha bem aventurança. Mas fazer o que, embora grata sou egoísta e algumas vezes só queria um pouco de normalidade.
Nesses 365 dias meus planos profissionais mudaram pelo menos umas 10 vezes, e isso inclui mudanças de cidade ou de onde queríamos estar, mudança de profissão.de objetivos a curto e a longo prazo, perdi o emprego, e arrumei diversos trabalhos, um deles representar a própria empresa em que eu era empregada antes. Meu esposo tentou vagas em todo lugar do país e arrumou bem aonde queríamos ir no tempo exato que precisávamos, já foi até promovido nesse tempo. Porém a verdade é que não me sinto feliz com a forma que estamos hoje. Sei que esse trabalho não é o que ele ama e que meu maior sonho é empreender de verdade, sendo dona do meu negócio e não apenas representando o negócio de alguém.
Nesse meio tempo já tive diversas ideias de diversos tipos, mas ao mesmo tempo muitos medos de coloca-las em prática e torna-las realidade. Está um pouco difícil tomar um rumo e de fato seguir o que planejo, até a parte de planejar, que eu amo, está complicada... em parte por conta de como está o mundo e a necessidade de nos adaptarmos a cada dia a uma nova realidade. Com todo o caos que vem acontecendo muitas vezes me sinto como os músicos do titanic tocando enquanto o barco afunda.
Também tem a questão de não depender apenas de mim, afinal meus planos precisam andar de mãos dadas com do meu esposo e os deles também são voláteis. Mas a realidade é que em grande parte essa dificuldade tem haver com meu mundo interno e minhas dúvidas constates.
Muitos poderiam dizer que isso é devido ao meu medo da opinião alheia, mas analisando acho que na real é mais medo da minha própria opinião. A verdade é que eu me considero capaz de fazer várias coisas e acredito que tenho muito a contribuir. Mas ao começar desenhar as possibilidades morro de medo de descobrir que não sou tão capaz assim. Questiono minha capacidade de levar algo a diante, de ter disciplina, de oferecer algo realmente de valor para as pessoas, de me adaptar a realidades diferentes, de enfrentar as dificuldades, me reinventar, de aprender as coisas que eu não sei ainda fazer tão bem...
De um lado vejo uma gama de pessoas que parecem viverem em um mundo paralelo em que pouco importa seus conhecimentos e competências e em que os sonhos se resumem a fazer um churrasco com os amigos. E elas parecem felizes
De outro vejo profissionais de alta performance vivendo o melhor que a vida te ma oferecer e impactando na vida de tanta gente. Eles também parecem felizes.
E no meio, eu, que tenho sonhos gigantes, planos estrondosos, me esforço dia-a-dia para ser melhor, estudo dias e noites, mas que também muitas vezes procrastino e fujo como a parcela mais mediocre dos que conheço. Eu não me sinto feliz.
Logo eu, que sempre me senti feliz, que tenho tanto a agradecer, que sou rodeada por pessoas maravilhosas, tenho um casamento incrível, uma família melhor do que poderia pedir a Deus. Eu sempre tive claro o que queria e corri atrás, sempre fui aventureira e enfrentei os medos de frente, agora me sinto acuada, reclusa e confusa. Me sinto empacada. Será que isso tem a ver com o clima de terror gerado pela pandemia, com estar só em casa, quando esse era o lugar que eu menos ficava? Ou com algumas certezas terem sido tiradas de mim durante esse período? Será que tem a ver com algum trauma de infância que aflorou? As vezes penso que estou me cobrando de mais no meio do caos, já em outras que sou permissiva de mais com meus defeitos. Não sei...
O que eu sei é que hoje não estou feliz com meu trabalho atual, nem com o local em que estou morando, quero mudar o cabelo as roupas, o apartamento. Estou confusa com minha religião e pouco fortalecida espiritualmente. Minha renda já não acompanha meus objetivos. Quero viver meu sonho, ser dona do meu negócio e ajudar a mudar de verdade a vida de outras pessoas, morar em um lugar o qual eu me sinta em casa, me olhar no espelho e me reconhecer de verdade. Quero poder aproveitar meu tempo ao lado do meu marido, minha família, poder conhecer lugares novos e ter tempo para ter momentos com aqueles que amo. Eu sei que parece ambicioso, mas também sei que é possível. E PIOR, ou MELHOR... Eu sei que depende de mim. Depende de eu sair dessa confusão e mover-me em direção a tudo isso um pouco mais rápido, mais reto, sem olhar tanto para os lados ou para trás, sem ponderar tanto. Apoio do meu esposo, da minha família, e até das minhas amigas eu tenho. A parte que falta está comigo. E eu vou encontrar!
Afinal não posso ficar parada por medo de falhar, esse medo não pode ser tão grande que me faça preferir perder de W.O. ao invés de perder tendo jogado.. Ademais, quem disse que se jogar eu realmente vou perder?
